Maria Gabriela da Silva, de apenas 4 anos, faleceu na noite da última terça-feira (21), após passar mais de 20 dias internada na UTI pediátrica do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), no Piauí. A menina foi a quinta vítima fatal de um caso de envenenamento coletivo ocorrido no município de Parnaíba, no litoral do estado.
O incidente aconteceu no dia 1º de janeiro, quando membros de uma família consumiram baião-de-dois — prato típico nordestino feito com arroz e feijão — contaminado com uma substância tóxica similar ao “chumbinho”. Além de Maria Gabriela, outras quatro pessoas da mesma família morreram: a mãe, dois irmãos e um tio da criança.
De acordo com informações do hospital, a menina apresentou piora significativa nas últimas 24 horas antes de sua morte. No total, nove pessoas da família ingeriram o prato envenenado.
Padrasto é principal suspeito
Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso no dia 8 de janeiro em Parnaíba, suspeito de ter envenenado o alimento consumido por seus familiares. Segundo a polícia, ele teria motivações pessoais para cometer o crime e demonstrou comportamento hostil em relação às vítimas.
A investigação apontou contradições nos depoimentos do suspeito e evidências de desprezo por parte dele, especialmente em relação à enteada Francisca Maria, de 32 anos, e seus filhos. Entre as vítimas estão também Manoel da Silva (18 anos), Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses), Maria Lauane (3 anos) e, mais recentemente, Maria Gabriela.
O delegado responsável pelo caso, Abimael Silva, destacou que a convivência na residência era difícil, já que 11 pessoas viviam em uma casa pequena. O crime aconteceu durante o almoço de Ano Novo, e inicialmente suspeitou-se que o envenenamento tivesse sido causado por peixes doados à família. Contudo, a perícia confirmou que o veneno estava exclusivamente no baião-de-dois consumido no dia.
Francisco, segundo a polícia, teria utilizado a substância tóxica conhecida como terbufós para contaminar o prato. Em seus depoimentos, ele teria feito comentários depreciativos, referindo-se às vítimas de forma pejorativa, inclusive chamando os netos de sua companheira de “primatas”.
O caso segue sob investigação, mas a polícia acredita ter provas suficientes para incriminar o padrasto, que permanece preso preventivamente.