O arquiteto e urbanista ipiauense Elson Andrade estima e sugere essa iniciativa como uma importante estratégia para revitalizar a economia local e estimular a produção, especialmente a rural. Confira:
Ipiaú em 2024: Desafios e Perspectivas
Embora apenas 25% do território de Ipiaú esteja ocupado por roças de cacau, o município ainda luta pela recuperação da cacauicultura. Há mais de três décadas, desde a crise acentuada na década de 1990, a economia local enfrenta desafios econômicos e sociais severos. Com a agricultura pouco desenvolvida no setor de hortifrutigranjeiros e sem um polo fruticultor consolidado, a cidade busca alternativas inovadoras para diversificar sua economia e reduzir a dependência de importações e programas assistenciais do governo federal.
Nesse contexto, a criação de uma moeda social, liderada por uma associação de pequenos produtores locais e apoiada pela prefeitura, surge como uma solução promissora.
O que é a moeda social?
A moeda social é um meio de troca complementar ao real, projetado para fortalecer economias locais. Emitida por organizações comunitárias, ela circula em transações dentro da região, incentivando o consumo de produtos e serviços locais, além de promover inclusão econômica e sustentabilidade.
A realidade atual de Ipiaú
Com a decadência da cacauicultura, a economia de Ipiaú permanece fragilizada e carente de diversificação. A agricultura, especialmente no cultivo de frutas e hortaliças, ainda está aquém do seu potencial. Pequenos produtores, tanto rurais quanto urbanos, enfrentam dificuldades para acessar mercados competitivos e expandir seus negócios.
A moeda social como ferramenta de transformação socioeconômica
A proposta prevê a criação de uma moeda social liderada por uma associação de pequenos produtores, que incluiria agricultores, artesãos e microempreendedores, com o apoio da prefeitura. A iniciativa se estrutura em torno de quatro pilares:
- Criação de uma Câmara de Câmbio: Facilitará a conversão da moeda social em reais, promovendo confiança e ampla aceitação.
- Aceitação pela Prefeitura: Permitir que a moeda social seja utilizada para o pagamento parcial de tributos e taxas municipais.
- Promoção do Comércio Local: Estabelecer redes de consumo solidário entre produtores, comerciantes e consumidores.
- Fortalecimento da Produção Local: Facilitar o acesso ao mercado para pequenos produtores, valorizando produtos e serviços locais.
Objetivos da moeda social
- Revitalizar a economia local: Estimular a circulação de riqueza dentro da cidade.
- Fortalecer pequenos produtores: Criar oportunidades para o desenvolvimento sustentável de negócios locais.
- Diversificar a produção agrícola: Incentivar o cultivo de hortifrutigranjeiros e criar as bases para um futuro polo fruticultor.
- Promover inclusão social e econômica: Envolver a comunidade em uma rede de solidariedade e cooperação.
Passo a passo para a implementação
- Mobilização comunitária: Envolver associações, cooperativas e moradores no projeto.
- Criação e distribuição da moeda: Definir critérios para emissão e circulação.
- Parcerias institucionais: Contar com o apoio técnico e financeiro da prefeitura e de bancos comunitários.
- Educação e sensibilização: Realizar campanhas de conscientização sobre os benefícios da moeda social.
- Estímulo ao comércio: Firmar parcerias com comerciantes locais para aceitar a moeda.
Desafios e perspectivas
A implementação da moeda social exigirá planejamento, engajamento e superação de desafios como:
- Garantir credibilidade e adesão por parte de comerciantes e consumidores.
- Estabelecer mecanismos para conversibilidade com o real.
- Monitorar e avaliar os impactos da iniciativa.
Apesar das dificuldades, a moeda social tem potencial para revitalizar a economia local, diversificar a produção agrícola e criar novas oportunidades para pequenos produtores.
Conclusão
A moeda social representa uma proposta inovadora e ousada para Ipiaú, capaz de reverter os impactos da crise cacaueira e impulsionar um novo ciclo de prosperidade. Com o apoio da prefeitura e o engajamento da comunidade, essa iniciativa poderá transformar a realidade do município, tornando-o um exemplo de resiliência e inovação para outras cidades brasileiras.
Nota da redação:
Elson Andrade é arquiteto, urbanista e empresário desenvolvimentista, pós-graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp.
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