Em Ipiaú, cidade pequena,
Onde tudo vira alarde,
Um caso chamou atenção,
E causou risada à vontade.
Treze eleitos pro mandato,
Mas só seis com coragem de verdade.
Cláudio do Regimento, esperto,
Quis ser dono da razão,
“Sem diploma não há posse,
É minha regra, sem discussão!”
Seus comparsas aplaudiram,
Já miravam a presidência na mão.
Os outros sete, indignados,
Se viram fora da disputa,
Já contavam com a presidência,
Mas foram barrados na luta.
Não se deram por vencidos,
Foram direto à justiça astuta.
A juíza, firme e severa,
Anulou a armação indevida,
Ordenou nova eleição,
Sem regras mal construídas.
“Cláudio, faça como manda,
Ou terá que arcar com a dívida!”
Cláudio, ao ouvir a notícia,
Sentiu o mundo desabar,
Correu pra dentro de casa,
Sem saber onde se enfiar.
E lá foi ele, astuto e covarde,
Pra debaixo da cama se guardar.
Os oficiais, persistentes,
Rondaram a casa o dia inteiro,
Batiam, gritavam, chamavam,
Mas Cláudio ficou no desespero.
Escondido entre poeira e medo,
Negava-se a sair do travesseiro.
O povo, que não perdoa,
Fez da cena uma piada,
Nas esquinas e nos bares,
Cláudio era motivo de risada.
“Quem diria, o poderoso,
Agora se esconde na madrugada!”
No final, a justiça deve brilhar,
A eleição ser refeita,
Os treze se sentarão,
E a Câmara refeita.
Mas Cláudio, debaixo da cama,
Ficou com a reputação, desfeita.
Hoje em Ipiaú se conta,
Com riso e até um brinde,
Que o homem que mandava,
Virou história de folclore e requinte.
Pois até quem se acha esperto,
Pode acabar no esconderijo mais triste.
Cláudio, do altar da sapiência e respeito, decaiu,
Afim de cumprir da Lora a empreita, sem glória.
Tentou até na surdina a Ata reescrever sua memória,
Mas no fim só garantiu no lixo da história, seu posto mais vil.