Na véspera de Natal (24/12), um caso chocante envolvendo a adolescente Isabelly Souza Barbosa, de 14 anos, ganhou destaque na imprensa após a família acusar o Hospital Geral de Ipiaú (HGI) de negligência no atendimento. O ocorrido foi amplamente repercutido, incluindo no programa Cidade Alerta, da TV Record Bahia, apresentado por Adelson Carvalho, que informou que o caso será investigado.
O caso
Segundo a família, Isabelly chegou ao HGI por volta das 9h da manhã do dia 24 de dezembro, após sua bolsa amniótica ter rompido por volta das 6h. Ao darem entrada na unidade, os médicos informaram que a jovem precisaria realizar um exame de ultrassonografia, mas o radiologista responsável pelo procedimento só chegaria às 14h. No entanto, o profissional apenas compareceu ao hospital às 18h.
Quando a ultrassonografia foi finalmente realizada, constatou-se que o bebê, a pequena Nayla, já havia falecido. A família, desesperada, ainda solicitou a transferência de Isabelly para a Santa Casa de Misericórdia, em Jequié, mas o pedido não foi atendido a tempo de evitar a perda.
Acusações e investigações
A acusação de negligência feita pela família de Isabelly em relação ao Hospital Geral de Ipiaú (HGI) levanta questões sérias sobre o atendimento prestado à gestante e as circunstâncias que levaram à morte da bebê Nayla. De acordo com o relatório fornecido pelo hospital, várias causas foram apontadas como possíveis para o óbito, incluindo anoxia intrauterina, prolapso do cordão umbilical, ruptura da bolsa amniótica e complicações no trabalho de parto.
A família, inconformada com a perda, agora busca esclarecer qual dessas causas foi determinante para a morte da criança e em que medida o atraso no atendimento pode ter contribuído para o desfecho trágico. Um parente da vítima expressou sua dor e indignação, afirmando: “Queremos saber a verdade e que a justiça seja feita. Não foi uma perda natural, foi negligência.”
Aqui estão explicações detalhadas sobre cada uma das causas mencionadas no relatório fornecido pelo hospital:
- Anoxia Intrauterina: Anoxia intrauterina é a falta de oxigênio no ambiente do útero, o que pode ocorrer durante a gestação ou no momento do parto. A ausência de oxigênio adequado para o feto pode levar a sérios danos cerebrais e até à morte. Isso pode ser causado por problemas no cordão umbilical, como o prolapso do cordão, compressão do cordão umbilical, ou problemas na placenta, que dificultam o fornecimento de oxigênio ao feto. A anoxia pode resultar em sequelas permanentes ou na morte fetal, dependendo da gravidade e duração da falta de oxigênio.
- Prolapso do Cordão Umbilical: O prolapso do cordão umbilical ocorre quando o cordão umbilical sai da posição normal, antes ou durante o parto, e pode ser comprimido durante o processo de nascimento. Isso impede que o sangue e o oxigênio cheguem adequadamente ao feto. Quando o cordão umbilical é comprimido, o bebê pode sofrer uma queda nos níveis de oxigênio, o que pode levar à anoxia ou outros problemas graves. O prolapso do cordão é uma emergência obstétrica que exige intervenção imediata para evitar danos ao bebê.
- Ruptura da Bolsa Amniótica: A bolsa amniótica é uma membrana que envolve o bebê no útero e contém o líquido amniótico, que protege o feto e facilita o seu movimento. A ruptura da bolsa amniótica (popularmente conhecida como “romper a bolsa”) pode ocorrer espontaneamente durante o trabalho de parto ou de maneira prematura, antes do início do parto. Se a ruptura ocorrer muito cedo ou de maneira anômala, pode causar infecções, além de uma possível diminuição do volume de líquido amniótico, o que pode prejudicar o bem-estar do bebê. Em casos graves, a ruptura pode levar a complicações, como a compressão do cordão umbilical ou a exposição do bebê a bactérias, aumentando os riscos durante o parto.
- Trabalho de Parto: O trabalho de parto é o processo em que a mulher passa por contrações uterinas, dilatação do colo do útero e expulsão do bebê. Durante o trabalho de parto, podem ocorrer diversas complicações, como a posição inadequada do bebê, o cansaço da mãe, ou a falta de progresso nas contrações. Qualquer fator que interrompa ou atrase o processo de parto pode resultar em dificuldades para o bebê. Isso pode incluir uma gestação prolongada, uma dilatação insuficiente, ou um trabalho de parto que não avança corretamente, aumentando o risco para complicações como a anoxia ou o sofrimento fetal.
Cada uma dessas causas pode ter um impacto direto sobre a saúde do bebê, e, dependendo da combinação e da gravidade, pode resultar em óbito fetal, como o que a família de Isabelly está tentando compreender. A investigação detalhada sobre o atendimento recebido durante o trabalho de parto e as intervenções feitas pode ajudar a esclarecer se houve falha médica ou negligência.
A investigação sobre o ocorrido, incluindo a análise do tempo de resposta do hospital e dos cuidados recebidos durante o trabalho de parto, será fundamental para determinar se houve falha nos protocolos médicos ou se as complicações foram inevitáveis. A questão agora é se a demora no atendimento poderia ter alterado o destino da pequena Nayla, e se a responsabilidade recai sobre a equipe médica do HGI.
Manifesto do hospital
Em nota, o Hospital Geral de Ipiaú expressou pesar pela perda e se solidarizou com a família. O HGI afirmou que está conduzindo uma investigação interna para apurar os fatos, analisando registros hospitalares e o cumprimento dos protocolos médicos.
O comunicado ressaltou que a instituição conta com profissionais de obstetrícia e anestesiologia 24 horas por dia, mas reconheceu que o exame de ultrassonografia não é realizado em regime de plantão. O hospital reafirmou seu compromisso com a transparência e a melhoria dos serviços prestados à população de Ipiaú e região.
Histórico de problemas
Esse não é o primeiro caso de acusações de negligência envolvendo o HGI. Em outubro de 2024, outro episódio similar foi noticiado pelo Ipiaú TV ( Confira ), levantando questões sobre a eficiência no atendimento e a estrutura do hospital.
Próximos passos
O caso será analisado pelo Conselho Regional de Medicina, que deverá investigar as condições de atendimento e avaliar se houve erro ou omissão por parte da equipe médica. Enquanto isso, a família de Isabelly segue em busca de respostas e justiça por Nayla, cuja perda representa um trauma que marcará suas vidas para sempre.
O Ipiaú TV continuará acompanhando o desenrolar desse caso e trará atualizações sobre as investigações e as ações tomadas pelas autoridades competentes.