
O Cacau x EUA: Tensões Globais e o Descompasso Inercial Econômico Local
As recentes tensões comerciais internacionais têm contribuído, de forma colateral, para a elevação do preço do cacau, que ultrapassou os US$ 8.335 por tonelada. Esse aumento reflete uma conjuntura que mescla disputas políticas e dominância econômico-financeira global. A Costa do Marfim, maior produtora mundial, enfrenta um impasse com os Estados Unidos, que ameaçam implementar uma tarifa de 21% sobre seus produtos. Mesmo após uma pausa de 90 dias anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, a possibilidade de restrições tarifárias continua pairando, o que sugere que a economia marfinense poderá retaliar com o aumento dos impostos sobre exportação.
O Cacau x Geração Formal de Emprego e Renda
Paradoxalmente, enquanto o cacau atinge cotações máximas e históricas nos mercados internacionais — impulsionado por crises climáticas e doenças agrícolas na África Ocidental — o sul da Bahia, antigo berço da produção cacaueira no Brasil, parece alheio a essa janela de oportunidade diante da histórica dinâmica global. A região, outrora pujante, permanece estagnada, com índices econômicos desoladores. Dados do Caged 2025 registram apenas 172 empregos com carteira assinada no setor da cacauicultura ipiauense, evidenciando o declínio do mercado de trabalho formal agrícola local.

O Cacau x Inflação
Apesar do aumento expressivo na valorização do cacau em dólar — 773% desde 1994, na Bolsa de Nova York —, refletido em uma impressionante valorização de 4.152% no preço da arroba, esses crescimentos extraordinários não se traduziram em revitalização econômica local. Enquanto o salário mínimo subiu 2.243% no mesmo período e a inflação acumulada foi de 745,16%, a tão prometida recuperação econômica continua sendo uma falácia utópica.
Atualmente, a região sobrevive com uma economia rebocada pelo assistencialismo do governo federal. Prova disso é que, em uma simples enquete, constata-se que mais de 90% dos moradores da Fazenda do Povo têm sua renda vinculada a programas sociais.
O Cacau x Estagnação Econômica
Esse cenário estarrecedor acende um alerta sobre os verdadeiros entraves socioeconômicos — históricos e estruturais — agravados pela falta de visão e de atitudes desenvolvimentistas. Essa ausência de políticas eficazes tem sido o principal empecilho à retomada do progresso sustentável da região.

Com sarcasmo, a comparação feita com o icônico Chapolin Colorado — que, em uma cena como essa, diria: “Quem poderá nos salvar?” — aponta para uma questão maior: até quando políticas públicas de cunho socioeconômico-eleitoreiro e o alto grau de dependência de programas assistenciais federais, como FPM, Fundeb, Bolsa Família e até o “Bolsa Zap” municipal, continuarão a perpetuar e viciar nosso povo em um ciclo de estagnação, em vez de provocar e sustentar transformações estruturais na economia cacaueira?

O desafio está em criar um equilíbrio entre a adaptação às demandas globais e uma reestruturação local que promova sustentabilidade e oportunidades reais. Quais fatores históricos e decisões políticas deixaram o sul da Bahia em seu atual estado de agonia? E, mais importante: que medidas poderiam finalmente reverter esse cenário?
Essa é a pergunta que, até hoje, permanece sem uma resposta clara.

A Prefeitura de Ipiaú, nos dois últimos mandatos de Maria (2017–2024), praticamente abandonou a agricultura e a indústria locais, sob a ótica dos gastos públicos. Conforme demonstrado no Relatório de Execução Orçamentária de 2024, o município investiu míseros R$ 50 mil em um ano — valor equivalente a menos de 1% do somatório dos cachês pagos a celebridades nacionais apenas no São Pedro de 2024.
Enquanto isso, como num passe de mágica em ano eleitoral, surge do nada uma obra de asfaltamento na estrada vicinal que dá acesso à Fazenda do Povo. Uma obra que, na prática, servirá mais ao surgimento de loteamentos clandestinos e à fragmentação de glebas ainda rurais às margens da pista do que ao real desenvolvimento agrícola da comunidade. Soma-se a isso a tentativa de justificar ao TCM uma licitação descabida e inexplicada de locação de máquinas pesadas no valor de R$ 16 milhões.
Diante desse cenário, fica a pergunta: você, sendo uma pessoa formada na área, preparada, com história e compromisso com a agricultura… por que aceitaria um cargo importante nessa pasta, falsamente intitulada “Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente”? Seria pelo salário? Pelas passagens, estadias, congressos, pelo status? O quê, afinal?