
A crise na saúde pública de Ipiaú ganhou novos contornos alarmantes nesta semana, com uma enxurrada de denúncias sobre as condições do Hospital Geral de Ipiaú (HGI). Pacientes e familiares relatam uma série de problemas estruturais e operacionais que comprometem gravemente a qualidade do atendimento. A falta de ambulâncias, a infraestrutura precária e a demora na regulação são apenas alguns dos obstáculos enfrentados pelos pacientes da unidade.
Ambulâncias sucateadas e a perda de exames cruciais

Denúncias obtidas pelo Ipiaú TV revelam que a falta de ambulâncias tem gerado atrasos críticos em exames e tratamentos essenciais. Muitos pacientes são obrigados a remarcar procedimentos, o que os obriga a retornar ao sistema de regulação e enfrentar uma espera de três a quatro dias para um novo agendamento. Essa demora pode ser fatal para quem precisa de diagnóstico rápido e tratamento imediato.
Atualmente, Ipiaú conta com cinco ambulâncias, mas quatro delas estão em manutenção há mais de 60 dias, e uma outra está parada na garagem do hospital por problemas mecânicos. Enquanto isso, a população depende da prefeitura, que tem cedido ambulâncias para suprir a demanda emergencial. No entanto, esse suporte não é uma solução definitiva e pode levar ao colapso do sistema municipal, que já opera no limite.
Infraestrutura comprometida: um risco para pacientes e funcionários

Se a falta de transporte já é um problema grave, a situação dentro do hospital é igualmente preocupante. Um paciente, que preferiu não se identificar, denunciou o estado deplorável de um dos banheiros dos leitos, expondo um problema que compromete ainda mais a dignidade e a segurança dos internados.
Funcionários também confirmam que as instalações apresentam vazamentos, rachaduras, móveis quebrados e falta de higiene. Esses problemas não são casos isolados, mas sim uma realidade recorrente, agravando a vulnerabilidade dos pacientes que já enfrentam situações de saúde delicadas.
Bebê em risco: a burocracia da regulação na Bahia

Um caso dramático que ilustra a negligência do sistema de saúde pública da Bahia é o de Rafael Menezes Batista, um bebê de apenas seis dias de vida que precisa ser transferido com urgência para uma unidade especializada. Rafael nasceu com um quadro grave de icterícia e possíveis problemas neurológicos, mas segue internado no HGI aguardando uma vaga na regulação.
A situação é ainda mais delicada, pois seus pais são surdos e encontram dificuldades para se comunicar com as autoridades hospitalares. A advogada Dra. Itana Marinho tem tentado agilizar a transferência, mas até o momento a burocracia do sistema público segue impedindo a saída do bebê para o tratamento adequado. Diante disso, a comunidade surda de Ipiaú se mobilizou em frente ao hospital, clamando por mais celeridade e humanização no atendimento.
Prefeita visita hospital, mas promessas vazias não resolvem o caos

A prefeita de Ipiaú, Laryssa Dias, acompanhada por representantes da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), visitou o Hospital Geral de Ipiaú nesta quinta-feira (13). Durante a visita, ela reforçou junto ao Governo do Estado pedidos para a implantação de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a criação de uma Agência Transfusional de Sangue e a reforma e ampliação dos setores estratégicos da unidade.
Embora a iniciativa seja positiva, moradores e pacientes seguem céticos quanto à efetivação dessas melhorias. A saúde pública da região sofre com promessas antigas que nunca saem do papel, enquanto pacientes continuam sendo penalizados por um sistema ineficiente e negligente.
Até quando vidas serão tratadas como números?
O Hospital Geral de Ipiaú reflete uma realidade comum em muitas unidades de saúde da Bahia: falta de investimento, infraestrutura precária e uma burocracia que coloca vidas em risco. O problema vai além das gestões municipais, evidenciando a necessidade urgente de um compromisso sério do governo estadual com a saúde pública.
Até quando a população de Ipiaú terá que conviver com um sistema de saúde falho, onde um simples exame pode se tornar uma batalha, e um recém-nascido pode perder sua chance de sobrevivência por conta de burocracia? A comunidade exige respostas e soluções reais, não apenas discursos políticos e visitas protocolares.
O Ipiaú TV segue acompanhando o caso e mantendo seu espaço aberto para esclarecimentos das autoridades responsáveis. * Redação Ipiaú TV