
Após uma batalha judicial que durou quase três décadas, Adilson Reis Arcanjo, filho natural de Ipiaú, teve sua paternidade biológica oficialmente reconhecida pela Justiça. A decisão histórica foi proferida pela 1ª Vara Cível da Comarca de Ipiaú e encerra um processo iniciado ainda na década de 1990.
Adilson buscava o reconhecimento de que era filho de Antônio Santos Sampaio, já falecido. Durante anos, lutou para corrigir o registro de nascimento que atribuía sua filiação a outro homem. “Até os 16 anos de idade eu não tinha o sobrenome de um pai. Eu sofria bullying no colégio. A professora perguntava meu nome completo esperando ouvir o sobrenome do meu pai, mas eu só tinha o da minha mãe. Isso mexia muito comigo.”
No dia 24 de abril, Adilson procurou a reportagem do Ipiaú TV para compartilhar sua história marcada por dor, resistência e fé inabalável. Ele revelou que cresceu acreditando que seu pai havia morrido, até que, aos 16 anos, uma tia lhe contou a verdade: seu pai biológico estava vivo.

“Foi então que começou uma jornada marcada por portas fechadas, olhares desviados e o peso de não pertencer. Tentei contato várias vezes, mas fui rejeitado em todas. Inclusive pelos meus irmãos.” Apesar das negativas, Adilson nunca perdeu a esperança: “Eu só queria uma coisa simples: um exame para esclarecer tudo.”
Durante o processo, a Justiça determinou diversas vezes a realização de exames de DNA com os filhos de Antônio Santos Sampaio, mas todos se recusaram a colaborar. Com base no artigo 2º-A da Lei nº 8.560/1992 — que prevê a presunção de paternidade em caso de recusa injustificada —, o juiz declarou Antônio Santos Sampaio como pai biológico de Adilson. A sentença determinou ainda a inclusão dos nomes dos avós paternos na certidão de nascimento.
Além do reconhecimento da paternidade, os réus — filhos do falecido — foram condenados ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Emocionado, Adilson agradeceu publicamente:
“Quero agradecer à Justiça. Depois de tanto tempo, eu acreditei. A Justiça tarda, mas a de Deus nunca falha. Espero que essa minha história inspire outras pessoas. Que ninguém desista, porque ainda existe Justiça no nosso país. Existem profissionais comprometidos em fazer o que é certo. Que nenhum processo leve tanto tempo quanto o meu. A ciência está aí para isso: para ajudar e não permitir que alguém sofra tanto quanto eu sofri.”
Adilson também fez um apelo emocionado à família paterna:
“Se algum parente quiser se aproximar — um sobrinho, quem for — eu vou ficar muito feliz. Estou de coração aberto. Eu só queria meu direito, e agora, mais do que nunca, estou disposto ao diálogo.”
Ele ainda refletiu sobre a importância do reconhecimento paterno:
“Muitos filhos não têm o sobrenome do pai, e muitas mães acham que isso não importa. Mas importa sim. O sobrenome do pai é tudo. É a força do homem. É o nome que levamos para os nossos filhos.”
O caso de Adilson não é apenas uma vitória pessoal, mas um poderoso exemplo de persistência e de que lutar por seus direitos vale a pena — mesmo quando a espera parece interminável.
Nota da redação: Esta publicação foi realizada a partir do relato pessoal e autorizado de Adilson Reis Arcanjo, parte legítima na ação, que optou por compartilhar sua história com o objetivo de inspirar outras pessoas que enfrentam situações semelhantes. A matéria preserva dados sensíveis de outras partes envolvidas, em respeito ao segredo de Justiça.