
A política baiana foi sacudida nos últimos dias por uma revelação que tem o potencial de reconfigurar alianças e acirrar ânimos dentro da já fragmentada oposição ao governo estadual. O prefeito de Teixeira de Freitas, Marcelo Belitardo, reapareceu oficialmente como filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), mesmo tendo sido reeleito em 2024 com apoio direto do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil). O detalhe que causa espanto: Belitardo teria sido “abonado” na legenda petista desde 2012, segundo documento obtido pelo Bahia Notícias.
A notícia caiu como uma bomba no grupo de oposição liderado por Neto. Durante a última campanha municipal, Belitardo foi tratado como peça estratégica no tabuleiro político do extremo sul baiano. A vitória em Teixeira de Freitas foi celebrada com entusiasmo por Neto, que chegou a participar da convenção que homologou a candidatura. O que não se esperava era que, menos de um ano depois, o mesmo prefeito surgisse como um nome alinhado ao PT, engrossando a base de apoio do governador Jerônimo Rodrigues.
O movimento de aproximação de Belitardo ao governo estadual já vinha sendo comentado nos bastidores. No entanto, a confirmação de sua filiação ao PT — ainda que datada de 2012 — lança dúvidas sobre a real lealdade política do gestor e sobre a articulação da oposição no estado. A Executiva Estadual do PT ainda não teria oficializado o ingresso recente, mas o nome de Belitardo já aparece entre os quadros ativos do partido.
A situação expõe um desgaste também interno no grupo de ACM Neto, que vem sendo acusado por aliados de negligenciar figuras importantes que estiveram ao seu lado nos momentos mais difíceis. Entre os nomes mais citados, o deputado estadual Sandro Régis (União Brasil) aparece como um dos que têm sido “esquecidos” por Neto, apesar de sua atuação histórica na linha de frente da oposição.
“É um sentimento de abandono. Enquanto uns são desprezados, outros que já estavam no lado de lá são acolhidos com festa”, comentou, sob anonimato, um interlocutor ligado ao grupo de Régis.
Além do deputado federal Elmar Nascimento, outro nome relevante que também estaria se distanciando do núcleo mais próximo de ACM Neto, a debandada de figuras estratégicas sugere uma fragilidade cada vez mais visível no projeto de retomada do poder pela oposição baiana.
No xadrez político da Bahia, a pergunta que ecoa nos corredores da Assembleia e nos bastidores partidários é direta: ACM Neto está perdendo o controle da própria base?
Se o caso Belitardo for só o começo, 2026 pode ser ainda mais difícil para a oposição — e figuras como Sandro Régis, que carregaram a bandeira da resistência ao petismo por anos, correm o risco de serem os maiores prejudicados. Redação ipiaú TV