
Educação pública ipiauense: investimentos elevados contrastam com baixo desempenho no IDEB
A Prefeitura de Ipiaú registrou um investimento de R$ 77.170.459,54 na educação municipal em 2024, conforme aponta o 6º Relatório de Execução Orçamentária do ano. No mesmo período, o número de matrículas anuais (com base em 2023) foi de 5.699 alunos.
Apesar dos recursos aplicados serem extremamente elevados, o município apresentou um desempenho preocupante no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) — indicador que mede a qualidade da educação a partir das médias de desempenho dos alunos em Português e Matemática, além da taxa de aprovação.
Somente a folha de pagamento da Secretaria de Educação — desconsiderando encargos sociais, materiais de consumo, transporte e outros — já atinge cerca de R$ 2,8 milhões por mês, sem incluir férias, 13º salário e gratificações, que são utilizados para ajustes nos gastos anuais com os recursos obrigatórios do FUNDEB.
No total anual, esse valor supera, historicamente, toda a receita bruta da cacauicultura ipiauense em 2023.
Gráfico: Queda de aproximadamente 50% na quantidade de matrículas

Enquanto a quantidade de matrículas vem caindo ano após ano, o número de professores efetivos, em comparação com os inscritos na folha de pagamento, só cresce — chegando à razão de 1 para 1,5. Além disso, os salários desses seletos profissionais (muitos dos quais exercem o cargo sem concurso público e sem a devida capacitação, como exige a lei) vêm subindo de forma desproporcional e em sentido contrário à realidade da educação, como um foguete.
Entre os 5.571 municípios brasileiros, Ipiaú ocupou a 5.114ª posição no IDEB, com nota 4,3, ficando atrás de cidades vizinhas como Itagibá, que registrou 5,1 (na 4.079ª colocação, 1.035 posições acima), e Jequié, com nota 4,5, na 4.906ª posição.
Outro dado relevante é a discrepância salarial entre docentes da rede municipal e da rede particular. Professores da rede pública receberam salários brutos entre R$ 7 mil e R$ 18 mil mensais, enquanto, na rede privada, os vencimentos variaram entre R$ 2 mil e R$ 3,8 mil, uma diferença superior a 400%. Essa disparidade salarial persiste mesmo diante da percepção de que a infraestrutura e o desempenho escolar da rede privada são, em geral, consideravelmente superiores aos da rede pública.

A relação entre os altos investimentos na educação municipal e os baixos resultados acadêmicos continua sendo tema de debate entre gestores da rede privada, especialistas, pais e a sociedade em geral.
Esse cenário revela uma estrutura educacional que, longe de ser um instrumento de ascensão social e econômica, acaba por perpetuar desigualdades e limitar as oportunidades das novas gerações. A disparidade na remuneração dos professores, aliada a um sistema ineficiente, reforça a necessidade urgente de uma revisão na gestão dos recursos públicos e da implementação de políticas educacionais eficazes, que realmente impactem a qualidade do ensino.
A educação, em sua essência, deveria ser o grande equalizador social, mas os dados mostram que, na prática, ela continua a refletir e reforçar desigualdades históricas. * Redação Ipiaú TV