
O futuro político do senador Angelo Coronel (PSD) tem gerado intensos debates nos bastidores da política baiana. Almejando garantir um espaço na chapa majoritária para disputar a reeleição ao Senado em 2026, Coronel tem feito movimentos que indicam uma possível ruptura com o grupo governista liderado pelo PT na Bahia. O senador tem mantido encontros periódicos com lideranças da oposição, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) e o atual prefeito Bruno Reis (União Brasil), o que aumentou a tensão dentro da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Fontes ouvidas pelo Bahia Notícias relataram que Coronel já não mantém a mesma frequência de diálogo com as principais lideranças do grupo, como o senador Jaques Wagner, o ministro da Casa Civil Rui Costa, e o próprio governador. “Tem falado menos com Wagner, quase nada com Jerônimo e zero com Rui”, comentou um interlocutor.
Preocupado com uma eventual migração de Coronel para a oposição ou até mesmo o lançamento de uma candidatura independente, o núcleo político do governo estaria esboçando um plano de retaliação. A estratégia incluiria ações para fragilizar as bases eleitorais dos filhos do senador — o deputado federal Diego Coronel e o deputado estadual Angelo Filho — como forma de pressionar e desestimular o rompimento definitivo. A intenção seria atingir a estrutura política da família Coronel nos municípios do interior, onde o senador ainda exerce forte influência.
Nos bastidores, avalia-se que essa disputa pode se transformar em um verdadeiro “cabo de guerra” entre a força do grupo Coronel nas prefeituras do interior e a máquina administrativa do governo estadual, que conta com entregas de obras e programas sociais para manter sua base eleitoral.
Apesar de ter declarado que o debate político sobre 2026 esfriou — “Vamos pensar em política no próximo ano”, afirmou em entrevista recente — Coronel não esconde sua intenção de estar nas urnas: “Se eu não for para a chapa, posso ter o direito de ter candidatura única. Já houve situações em Salvador com vários candidatos do mesmo grupo político. Depois se uniram no segundo turno”, disse.
A movimentação de Coronel ocorre em um contexto em que o grupo do governador Jerônimo busca manter a união da base e prepara espaço para que duas figuras históricas do PT, Rui Costa e Jaques Wagner, disputem as cadeiras no Senado, o que limitaria ainda mais o espaço para o senador do PSD.
Durante a recente eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o governador tentou minimizar a crise com Coronel, destacando a liderança do presidente do PSD na Bahia, senador Otto Alencar, como articulador para manter a coesão. A manutenção da presidência da Casa com a deputada Ivana Bastos (PSD) também foi vista como um gesto para preservar o partido na base aliada e conter possíveis rupturas.
No entanto, a crescente aproximação de Coronel com adversários históricos do PT sinaliza que o cenário pode mudar drasticamente até 2026. O senador demonstra disposição para seguir um caminho próprio, mesmo que isso signifique romper com uma aliança construída ao longo dos últimos anos.