
Está quase confirmado: Gusttavo Lima será a grande estrela do São João de Jequié este ano. A informação foi adiantada pelo Bahia Notícias e deve ser oficializada na próxima segunda-feira (12), no lançamento oficial da festa junina da Cidade Sol. O detalhe que chamou atenção: segundo o prefeito Zé Cocá (PP), o cachê do artista será bancado por empresários da cidade.
A contratação do “Embaixador”, como é conhecido o cantor, coloca Jequié de vez no centro das atenções do calendário junino da Bahia. Afinal, não é qualquer cidade que consegue trazer um nome desse porte. Em 2023, Gusttavo foi o artista mais caro do São João baiano, com um cachê que girou em torno de R$ 1,1 milhão.
E é justamente aí que começam os questionamentos.
Ainda que o valor do show seja patrocinado pela iniciativa privada — o que, segundo a prefeitura, isentaria os cofres públicos — fica a dúvida: qual o real custo de um evento desse porte? E, mais ainda, qual a intenção por trás desse tipo de investimento por parte de empresários locais? O patrocínio cultural é bem-vindo, sim. Mas transparência também é.
Sem tirar o mérito da gestão municipal, que tem se mostrado atuante e comprometida com o desenvolvimento da cidade, a vinda de Gusttavo Lima levanta um debate necessário: estamos diante de um investimento cultural ou de uma jogada de marketing? É valorização do São João ou espetáculo para alimentar vaidades e holofotes?
É inegável que a presença de um artista como Gusttavo Lima movimenta a economia, atrai turistas e agita o comércio local. A cidade ganha visibilidade e os ambulantes, vendedores e comerciantes agradecem. Mas o assunto ganha contornos mais complexos quando se lembra que o próprio cantor já esteve no centro de polêmicas nacionais sobre cachês milionários pagos por prefeituras — o que gerou, inclusive, investigações.
Agora, em Jequié, o discurso é de que “não há dinheiro público envolvido”. Tudo bem. Mas a população merece saber quem paga a conta, de onde vem o dinheiro e quais os benefícios reais — e não apenas simbólicos — que esse show deixará.
O São João está chegando. E com ele, a fogueira vai acender. Mas parece que o calor do palco será dividido com o calor das discussões — como deve ser numa sociedade que pensa. * Redação Ipiaú TV