Por que os dados do primeiro censo do Brasil podem mudar sua visão sobre o passado?
O Censo de 1872 foi o primeiro levantamento populacional oficial do Brasil e traz números surpreendentes, que desafiam a narrativa comum dos livros sobre a real condição dos negros no século XIX. Apesar de o país ainda viver sob o regime escravocrata, os dados revelam que a maioria da população negra já era livre. Além disso, mostram que a pobreza e o analfabetismo afetavam amplamente toda a sociedade, sendo, portanto, um problema muito maior e mais abrangente do que se costuma imaginar. Sob o ponto de vista socioeconômico, esses males impactaram — e de certo modo ainda impactam — não apenas os negros, mas diversos grupos sociais.

Veja os números:
- Em 1872, o Brasil tinha apenas 9.930.478 habitantes;
- Desses, 84,8% eram livres e apenas 15,2% eram escravizados;
- A população negra (pretos e pardos) somava cerca de 58%, dos quais a maioria não era escravizada;
- A taxa de analfabetismo era de 84,2% — essa, sim, era uma verdadeira tragédia educacional e, sobretudo, socioeconômica, que afetava toda a sociedade e todos os grupos populacionais, independentemente da cor da pele;
- Até mesmo os brancos foram vítimas do sistema escravista: 12,4% dos escravizados eram brancos.

Esses dados indicam que, embora a escravidão fosse um crime de base racial, a pobreza e a exclusão social no Brasil Imperial eram ainda mais amplas — atravessando classes, gêneros e etnias. A grande massa da população brasileira, negra ou não, vivia à margem da educação, da cidadania e, principalmente, sem acesso a mecanismos de mobilidade, como o sistema financeiro.
No caso da mulher negra, o Estado brasileiro ainda deve muito em termos de acolhimento e reparação a esse grupo historicamente marginalizado por sua condição de gênero e raça.
Teorias e Crenças Demográficas
Sempre existiu, no fundo, um dilema essencial: controlar o crescimento da população ou combater a desigualdade? Essa é a verdadeira questão. Recursos materiais nunca foram um problema para um país continental como o Brasil — um país que, há muito tempo, lucra com narrativas equivocadas, como a da Teoria da Escassez, entre outras ideias infundadas das chamadas escolas de “economia”.
Figuras negras que marcaram a história do Brasil:
- Zumbi dos Palmares (1655–1695): Líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi é símbolo da resistência contra a escravidão. Lutou pela liberdade dos negros escravizados e pela preservação do quilombo como espaço de refúgio.
- Machado de Assis (1839–1908): Escritor, funcionário público e fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis superou barreiras sociais e raciais para se tornar um dos maiores nomes da literatura mundial.
- Luís Gama (1830–1882): Advogado, jornalista e abolicionista, libertou mais de 500 escravizados por meio de ações judiciais. É considerado um dos maiores nomes da luta pela abolição no Brasil.
- Carolina Maria de Jesus (1914–1977): Escritora e autora de Quarto de Despejo, retratou a vida nas favelas com um olhar agudo sobre as desigualdades sociais e econômicas. Tornou-se símbolo de resistência e expressão da mulher negra periférica.
- Ailton de Aquino Santos: Natural de Jequié (Bahia), é o primeiro negro a ocupar uma diretoria no Banco Central do Brasil em quase 60 anos. Com mais de 25 anos de atuação na instituição, já exerceu cargos como auditor-chefe e chefe dos departamentos de orçamento, execução financeira e contabilidade. É graduado em Ciências Contábeis (UNEB) e Direito (UDF), com especializações em contabilidade internacional, engenharia econômica de negócios e direito público. Liderou projetos estruturantes para o Sistema Financeiro Nacional, como a nova Central de Risco de Crédito.
Essas personalidades representam a força, a inteligência e a resiliência do povo negro na construção da história, da cultura e das instituições do Brasil.
Observação crítica:
O atual quadro estatístico baseado na autodeclaração da cor da pele pode estar sujeito a mutações influenciadas por expectativas de obtenção de benefícios estatais — um fenômeno que merece análise cuidadosa, sem deslegitimar a importância das políticas públicas de reparação e equidade.

Abaixo, quatro teorias clássicas sobre o pseudo-problema do crescimento populacional e o combate à pobreza. Em seguida, uma análise crítica:
1. Teoria Malthusiana
Criada por Thomas Malthus, defendia que a população crescia mais rápido que a produção de alimentos e que a miséria era um “freio natural” ao crescimento populacional. Para ele, ajudar os pobres incentivava o aumento da pobreza.
Crítica: Essa teoria legitima a desigualdade como algo “natural” e justifica a omissão do Estado. Ignora as causas estruturais da pobreza e transfere a culpa aos mais pobres.
2. Teoria Neomalthusiana
Adapta a ideia de Malthus para o século XX, sugerindo o controle rígido da natalidade como solução para o subdesenvolvimento.
Crítica: Foi amplamente utilizada em políticas de esterilização forçada em países pobres, reforçando um viés racista e elitista, ao tratar populações vulneráveis como um “problema demográfico” a ser eliminado.
3. Teoria Reformista
Vai na direção oposta: a miséria é vista como causa, e não consequência, do alto crescimento populacional. A solução estaria em reformas sociais profundas, como investimentos em educação, saúde e distribuição de renda.
Crítica: É a teoria mais humanista e estrutural. Defendida por marxistas e movimentos sociais, ainda é, em grande parte, negligenciada pelas políticas públicas no Brasil.
4. Teoria Ecomalthusiana
Foca nos limites ecológicos do planeta, argumentando que o crescimento populacional compromete os recursos naturais.
Crítica: Embora válida sob o ponto de vista ambiental, essa teoria pode ser usada para impor restrições severas a países em desenvolvimento, sem responsabilizar os altos níveis de consumo dos países ricos.
Outra questão frequentemente mascarada por números é o real grau de oportunidade socioeconômica para as mulheres — especialmente as mulheres negras. Infelizmente, muitos políticos se valem de falsas bandeiras e promessas vazias para atrair esses grupos étnicos e de gênero, visando apenas à perpetuação no poder. Na prática, faltam conquistas reais e políticas públicas sustentáveis que beneficiem o conjunto da sociedade, com justiça e equidade.

O Brasil de 1872, já desde aquela época apresentava a marca da desigualdade social como um mal maior que a própria escravidão. Os dados mostram que ser negro não era, e se bem medido, nunca foi, sinônimo automático de servidão. O problema maior, é que mais que ser pobre,parece à primeira vista, quase sinônimo de exclusão estrutural. E as teorias demográficas, cercadas de miopia, ainda guardam uma falsa disputa ainda atual: – Devemos controlar a quantidade de pobres ou combater a pobreza?
Quadro Estatístico da Ocupação do Mercado de Trabalho Por Gênero

A verdadeira e melhor resposta, atemporal, sempre foi: Terautorrespeito, ter iniciativa, providência, utilidade socioeconômica e resiliência;o resto é consequência.
Porém, no momento atual, a coisa virou de ponta-cabeça, dado que as pessoas, querem uma viver às custas das outras, quando e onde estão sim, se auto escravizando num jogo político eleitoral dependente de renda “fácil”. Repare no quadro abaixo, que as mulheres em geral 83,52%(independentemente da cor ou raça) se declaram arrimo econômico de família, muitas, malandramente desquitadas apenas no papel, para assim auferir maior valor na renda recebida, via cadastro,nos programas assistenciais federais.

Em resumo, para quem sempre lutou de forma profícua, honesta, útil, inteligente e responsável, mesmo diante de muitas barreiras, a seu tempo… tem sim, conseguido vencer.