Por Emídio Neto – 15/04/2025

R$ 400 mil foi o valor total destinado aos artistas de Ipiaú por meio dos editais de cultura, pulverizado em prêmios de, no máximo, R$ 6.600 por projeto. Os recursos resultaram na realização da Virada Cultural e ainda restaram cerca de R$ 60 mil, que devem ser direcionados a um novo edital.
Enquanto isso, a recém-eleita prefeita de Ipiaú, Laryssa Dias, anuncia o São Pedrinho, evento voltado ao público infantojuvenil. Segundo nota publicada no site da Prefeitura, a atração principal será a cantora Ana Castela, “atendendo a um pedido especial da criançada ipiauense”.
Em 2025, o cachê da sertaneja Ana Castela varia entre R$ 850 mil e R$ 1,2 milhão por apresentação — valor semelhante ao cobrado por artistas com mais de uma década de carreira, como Gusttavo Lima.
Assistiremos, mais uma vez, a uma “farra” com o dinheiro público. Como celebrar os avanços dos editais da Lei Aldir Blanc em Ipiaú diante desse evidente contraste?
Onde está o Conselho Municipal de Cultura de Ipiaú? A programação de um dos eventos mais emblemáticos do ano — os festejos juninos — será novamente dominada por artistas e estilos que pouco ou nada têm a ver com o período?
Para que serve um Conselho de Cultura se ele sequer é consultado sobre a programação cultural do município? Estamos apenas fingindo viver sob uma administração democrática e participativa?
Com esse cachê, “a patricinha” dificilmente virará “boiadeira”.
Em tempo: se a Lei Aldir Blanc ou a Lei Paulo Gustavo fossem seguidas à risca, R$ 400 mil não faria nem cócegas nas necessidades reais do setor artístico local. Talvez por isso não haja uma campanha ampla de mobilização entre os fazedores de cultura em Ipiaú, incentivando a participação nos editais.