O urbanista ipiauense, arquiteto Elson Andrade, nos traz, nesta edição, uma demonstração detalhada sobre o ranking das economias dos municípios baianos em 2023.

Os números mencionados sobre a economia de Ipiaú representam o Índice de Valor Adicionado (IVA), que é calculado a partir da contribuição econômica de um município em relação à produção de bens e serviços. Esse índice é essencial para determinar a distribuição da arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) entre os municípios.
No caso específico de Ipiaú, os valores agregados provêm de atividades econômicas locais, como agricultura, indústria, comércio e prestação de serviços. Por exemplo, esses números são compilados com base em levantamentos como a PAM (Produção Agrícola Municipal) e a PEVS (Produção da Extração Vegetal e Silvicultura), além de dados ajustados por fontes como o Censo Agropecuário ou estudos do IBGE.
Esses dados refletem como a economia de Ipiaú contribui proporcionalmente para o total estadual. É interessante notar como cada setor impacta diretamente a dinâmica econômica!

Em resumo, a agricultura de Ipiaú é, atualmente, como um corpo falecido, ainda em velório e em estado de putrefação no meio da sala. A indústria continua pífia. O comércio e os serviços é que têm “salvado a lavoura”. De modo geral, pode-se dizer que, desde a derrocada da cacauicultura (na década de 1990), estamos capengando — dada a alta dependência de transferências financeiras vindas de fora, principalmente do governo federal, por meio do INSS, BPC, Bolsa Família, FPM, Fundeb, entre outros.
Hoje, Ipiaú sustenta uma economia artificial, rebocada pelo governo federal e, em menor parte, pelo governo estadual (responsável por cerca de 12% da receita). Apenas 14% da arrecadação da cidade provém de recursos gerados por ela mesma, conforme a composição da LOA (Lei Orçamentária Anual) municipal.
Imagine que o dinheiro seja, em última análise, apenas as cartas de um jogo, e que o que está realmente em disputa são os pontos ganhos por uns sobre os outros, em uma mesa de apostas. Agora imagine que Ipiaú fosse uma ilha, com um único porto, onde fosse possível controlar tudo o que entra e sai da cidade — ou seja, da sua economia.
Em outras palavras: se Ipiaú não produz remédios, energia elétrica, celulares, veículos… quem, afinal, está nos financiando?
O que é o Índice de Valor Adicionado (IVA)?
Imagine que o município de Ipiaú é como uma grande fábrica, onde as pessoas produzem bens e serviços. O Índice de Valor Adicionado (IVA) mede quanto valor econômico essa “fábrica municipal” está gerando em comparação com outras cidades. Ele é utilizado, principalmente, para calcular qual será a participação do município na distribuição do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Como é calculado o IVA?
Pense em uma padaria. Se a padaria de Ipiaú vende R$ 10.000 em pães e gastou R$ 4.000 para comprar farinha e outros ingredientes, o valor adicionado é de R$ 6.000.
Esse mesmo princípio é aplicado a todas as atividades econômicas da cidade — como a agricultura, o comércio e os serviços. O que se calcula é o valor que cada setor efetivamente agrega à economia local, descontando os custos com insumos.
O que os números do IVA levam em conta?
O IVA leva em consideração a produção econômica real do município, ou seja, o quanto de valor é gerado internamente, sem depender de produtos ou serviços comprados de fora. Ele reflete a força produtiva da cidade e a sua participação na economia estadual.
O que os números significam?
Por que isso importa?
Quanto maior o valor adicionado por Ipiaú, maior será a fatia do ICMS que ela receberá do governo estadual. Isso porque, por lei, no mínimo 25% de todo o ICMS arrecadado na Bahia é redistribuído entre os municípios, com base justamente nesse índice.
Isso significa mais dinheiro para a prefeitura investir em escolas, hospitais, obras públicas e em melhorias diretas para a população.

Uma posição muito baixa para quem já foi próspera
A posição de Ipiaú no ranking estadual é muito baixa para uma cidade que, no passado, foi próspera — especialmente entre as cidades da região cacaueira. Porém, não podemos deixar de ressaltar que 75% de todo o valor arrecadado pelo Estado foi parar nos cofres da Secretaria de Finanças da Bahia.
Em média, apenas 0,09% do ICMS do Estado foi arrecadado em Ipiaú, o que se alinha perfeitamente com sua atual colocação no ranking econômico estadual.
Essa, portanto, é a nossa posição na fila do “pão nosso” de cada dia.
As perguntas que não querem calar:
- E quando a farra do assistencialismo acabar, (como diria, “sabiamente”, o Chapolin Colorado)… quem vai nos salvar?
- Ipiaú não estaria jogando seu futuro no lixo, ao simplesmente consumir — ao invés de investir — essa montanha de dinheiro federal que vem sendo despejada sobre a cidade?
- Esse assistencialismo tem finalidade político-eleitoral ou econômica e social?
- É certo gastar novamente, em 2025, mais de R$ 10 milhões em festas populistas-eleitoreiras, enquanto a cidade carece de investimentos estruturais?
- Onde vamos parar com essa desfaçatez generalizada, que beneficia tão poucos e prejudica tantos?
Em discussão! Em votação!
Quem for contra, que se levante.
Quem for a favor, que permaneça como estão…
APROVADO!

Nota:
O site Ipiaú TV possui diversos outros artigos de interesse regional que podem trazer informações e debates de grande valia para sua vida e/ou negócio. Não deixe de ler e compartilhar nossas publicações acessando: https://ipiautv.com.br/category/olharurbano
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Da redação:
Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário desenvolvimentista e pós-graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp.