
A cidade de Itagibá, conhecida internacionalmente pela exploração de níquel na Mina Santa Rita, enfrenta um paradoxo cruel: enquanto bilhões de reais são gerados pela extração mineral, a população local vê os empregos desaparecerem. Dados oficiais do CAGED apontam que o setor da mineração foi o que mais perdeu postos de trabalho na região, refletindo uma realidade de precarização e instabilidade econômica.

Desde o início da atividade mineradora, a receita proveniente da extração e exportação do minério de níquel já ultrapassou a marca dos R$ 10 bilhões, corrigida pela inflação. No entanto, essa riqueza não se traduz em desenvolvimento sustentável para a população lindeira. A Atlantic Nickel, atual responsável pela exploração, e sua prestadora de serviços, a R&D Mineração, adotam estratégias de redução de custos que impactam diretamente os direitos dos trabalhadores locais (segundo denúncia de trabalhadores e sindicato), promovendo demissões e instabilidade laboral.
O fenômeno do rodízio e a “dança” de CNPJs evidenciam uma prática recorrente na mineração: a fragmentação e terceirização do trabalho. Essa estratégia permite a redução de encargos trabalhistas, mas também enfraquece os direitos dos empregados e compromete a qualidade dos postos de trabalho oferecidos. O resultado é um cenário de desemprego crescente e insegurança para centenas de famílias que dependem diretamente da atividade mineradora.
O comércio local e outros setores econômicos também são atingidos. Com menos trabalhadores empregados, o consumo diminui, afetando negócios e serviços na microrregião. A dependência excessiva da mineração torna Itagibá vulnerável às oscilações do mercado de commodities, sem alternativas econômicas que sustentem a economia local quando a extração declina.

Diante desse quadro, é urgente que políticas públicas e iniciativas privadas sejam estruturadas para garantir que a mineração beneficie não apenas grandes corporações, mas também a comunidade local. A diversificação da economia, o fortalecimento de setores como agricultura, comércio e turismo, bem como a exigência de maior compromisso social das empresas mineradoras, são medidas essenciais para mitigar os impactos do desemprego e criar um futuro mais estável para Itagibá.
Se a riqueza extraída do solo não se converter em oportunidades para a população, a mineração deixará para trás apenas buracos e promessas vazias. A comunidade itagibense precisa ser ouvida e valorizada para que o progresso seja real e duradouro.
Enquanto isso, segue a novela: A Mineração e o Desemprego em Itagibá – O Preço que Todos Pagamos pela Extração de “Nossas” Riquezas Milenares. * Redação Ipiaú TV