Uma Análise Crítica da Folha de PG Janeiro de 2025 da Prefeitura
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A tabela de cargos e salários da Prefeitura Municipal de Ipiaú, no sul da Bahia, praticada em janeiro de 2025, apresenta padrões intrigantes sobre a disparidade da remuneração dos servidores públicos municipais. A análise dos dados revela desigualdades significativas em quantidade versus valores recebidos e uma estrutura salarial que reflete prioridades e valores questionáveis, se comparada ao resultado efetivamente entregue.
- Repetição de Cargos com Variações Salariais: O cargo de Técnico e Agente Comunitário de Saúde aparece mais de 110 vezes, com salários brutos variando de R$ 1.821,60 a R$ 8.647,43. Essa discrepância sugere diferenças na carga horária, especialização ou benefícios não detalhados.
- Profissionais da Saúde em Destaque: Médicos especialistas, como pediatras e cirurgiões, 26 ao todo, recebem os maiores salários brutos, chegando até R$ 14.400,00, enquanto técnicos de enfermagem têm remunerações mais modestas, com média em torno de R$ 5.800,00 (40%). Essa diferença indica uma hierarquia valorizada na área médica.
- Educação: Salários Exorbitantes: 45% do total da folha de pagamento é ocupado por professores, sendo mais da metade desse total preenchido por professores temporários, sem concurso. Os chamados professores de 40 horas possuem salários brutos que variam drasticamente, de R$ 21.638,35 a R$ 8.407,41, dependendo da disciplina e qualificação. Já os professores de 20 horas têm remunerações menores, com média de R$ 5.224,31. Vale lembrar que eles têm apenas 200 dias letivos. Ou seja, 165 dias sem aulas ao longo do ano.
- Cargos de Gestão com Salários Fixos: Coordenadores e diretores recebem valores fixos, cerca de R$ 3.300,00 para coordenadores, sem variações significativas, o que pode refletir uma política de padronização pouco flexível.
- Peso na Folha em Relação aos Vínculos: Destaca-se o fato de que 41% dos cargos ainda são preenchidos por indicação política (de governo), não sendo ocupados por efetivos da administração, ou seja, sem concurso público.
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A tabela evidencia uma estrutura salarial desequilibrada, que prioriza cargos na educação, mesmo sem alta especialização, com salários de mais de R$ 21 mil, especialmente para os professores temporários substitutos dos 151 demitidos pela Maria, em detrimento de funções essenciais da base operacional, como auxiliares de serviços gerais. Enquanto um médico pode receber até R$ 14.400,00, um fiscal de vigilância sanitária de campo (que trabalha em contato com riscos) tem um salário bruto médio de R$ 1.518,00, levantando questões sobre a valorização do trabalho operacional de base.
As perguntas que ficam são:
- Para que a prefeitura ainda precisa de mais garis, se esses serviços foram terceirizados via contrato de prestação de serviços à Transloc?
- De que adianta termos um secretário de Agricultura com salário de R$ 13 mil/mês, se a pasta não tem recursos orçamentários alocados para a implantação de Ações Municipais? Resta apurar no final do ano quanto essa pasta gastou com passagens aéreas e hospedagens, versus os resultados efetivamente entregues.
- Seria muito importante para a transparência se a prefeitura criasse uma coluna na folha de pagamento, ao lado de cada nome de “servidor”, informando quem o indicou. O nome expresso do respectivo padrinho político e o que a prefeitura espera dessa indicação. Que benefício trará ao povo pagante?
Além disso, a ausência de transparência em alguns registros (salários marcados como “-“) e a repetição excessiva de cargos com variações inexplicáveis sugerem falhas na gestão de dados. É urgente que a prefeitura revise sua política salarial para garantir equidade e transparência, especialmente em setores críticos como saúde e educação.
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Os números não mentem: em Ipiaú, o valor atribuído a um profissional ainda depende mais de seu cargo do que do impacto social de sua função. Enquanto isso persistir, a meritocracia no serviço público seguirá sendo uma utopia. * Redação Ipiaú TV