O concurso público da Prefeitura de Ipiaú, realizado no último domingo (22), tem gerado controvérsias e questionamentos quanto à sua organização e transparência. Entre as principais críticas, destaca-se a decisão de aplicar as provas em três cidades diferentes, apesar de Ipiaú possuir estrutura física suficiente para atender à demanda de candidatos.Primeira Polêmica: A escolha das cidades-sede
Dados oficiais indicam que, em 2008, o município de Ipiaú contava com 9.212 matrículas no ensino fundamental e 2.295 no ensino médio, totalizando mais de 11,5 mil vagas disponíveis nas escolas municipais e estaduais. Essa capacidade, declarada ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), evidenciava que a cidade já possuía condições adequadas para a realização das provas, sem necessidade de recorrer a outras localidades.
Além disso, a UNEB e escolas particulares de Ipiaú poderiam complementar a estrutura disponível. Diante disso, a justificativa para utilizar as cidades de Itagibá e Ibirataia parece frágil, levantando dúvidas sobre a real necessidade dessa logística, especialmente em um certame já cercado por denúncias de falta de transparência.
A situação se agrava com a confirmação de uma ocorrência criminosa registrada em Ibirataia, envolvendo a violação de provas. O caso, oficializado em boletim de ocorrência na cidade de Jequié, contribuiu para a desconfiança popular e lançou uma sombra sobre a credibilidade do concurso.
Segunda Polêmica: Discrepâncias orçamentárias
Outra questão levantada está relacionada ao orçamento público de Ipiaú para 2025. A Lei Orçamentária Anual (LOA), recentemente aprovada, prevê gastos de R$ 95.720.800,00 com despesas de pessoal e encargos sociais. No entanto, o quinto relatório de execução orçamentária de 2024 projeta um gasto inferior, de R$ 88.798.970,68, ajustado para R$ 92.910.363,02 com correção inflacionária.
Essa diferença suscita dúvidas sobre a capacidade financeira da prefeitura de contratar os 434 aprovados previstos no concurso, considerando que já há 1.439 servidores na folha de pagamento e cerca de 400 terceirizados. Com um custo médio de R$ 64,6 mil por funcionário anualmente, a contratação dos novos servidores parece economicamente inviável, reforçando as críticas à gestão municipal.
Terceira Polêmica: Conflitos políticos e administrativos
A prefeita eleita para o próximo mandato, Laryssa, poderá enfrentar desafios caso opte por exonerar cargos comissionados e temporários para ajustar a folha de pagamento. Muitos desses cargos atendem a interesses políticos de vereadores e aliados. Tal medida poderia gerar atritos com a base de apoio na Câmara Municipal, especialmente envolvendo casos de indicações controversas, como o do vereador conhecido por manter o “Biribiri”.
Outros fatores agravam a situação, como a remuneração de professores que, em outubro de 2024, chegou a R$ 24.343,14, e a contratação de 169 professores por seleção simplificada, sem concurso público.
Quarta Polêmica: Violação de provas
A confirmação da violação de provas em Ibirataia gerou repercussão imediata. Segundo advogados consultados, a legislação brasileira prevê medidas severas para fraudes em concursos, como anulação das provas, responsabilização criminal dos envolvidos e reformulação do certame com medidas de segurança mais rigorosas.
Além disso, candidatos prejudicados poderão buscar a reaplicação das provas em outra data, enquanto outros podem alegar desequilíbrio no processo, uma vez que os participantes dessa reaplicação terão vantagem por conhecerem o estilo da banca examinadora.
Histórico de irregularidades
Desde sua concepção, o concurso público de Ipiaú enfrenta problemas. Iniciado em julho de 2024, com 434 vagas em disputa para diversos níveis de escolaridade, o certame foi suspenso por inconsistências apontadas pelo Ministério Público e retomado após recursos judiciais. Agora, com as denúncias de fraude, sua legitimidade está seriamente comprometida.
O site Ipiaú TV, comprometido com a transparência e o interesse público, acompanha o desenrolar dos fatos e reforça a necessidade de investigações aprofundadas e providências rigorosas para que a população tenha garantida a lisura no processo seletivo.
3 comentários
Matéria de quem os cotovelos arranhados!
O concurso foi de total responsabilidade da empresa. Se você tem dúvidas de algo, seria interessante buscar fundamentos, para criar uma matéria pobre desse jeito e sem base como essa.
Engraçado que vocês se esqueceram que parte desses alunos estudam à noite. Foi aplicado prova no turno da noite aqui?
Sem contar que as escolas de educação infantil, as cadeiras são (pasmem) para crianças, me diz como um adulto vai realizar uma prova sentado em uma cadeira de miniatura???? Faltou bom senso nessa reportagem.
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