Na manhã desta terça-feira (10), a Polícia Federal deflagrou a Operação Overclean, voltada para desarticular um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos envolvendo o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). A investigação, que teve início após denúncia da Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um complexo esquema de fraudes em contratos com a empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda, com desvios que podem ultrapassar a casa do bilhão de reais.
A operação apura fraudes em licitações, superfaturamento de contratos e o pagamento de propinas a servidores públicos, com a participação de empresários, servidores e ex-dirigentes de órgãos públicos. Segundo a decisão judicial obtida pelo Bahia Notícias, a organização criminosa agia por meio do direcionamento de processos licitatórios e da utilização de empresas fantasmas para lavar o dinheiro obtido ilegalmente.
O juiz federal Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal Criminal de Salvador, aponta que o grupo criminoso não se limitou aos contratos do DNOCS, mas também envolveu outros órgãos públicos, com atuação de operadores políticos que facilitavam o direcionamento de licitações e a execução dos contratos. Para dar continuidade ao esquema, as propinas eram pagas de forma clandestina, com o uso de empresas fantasmas, dificultando o rastreamento do dinheiro ilícito.
A investigação revelou ainda que o ex-coordenador do DNOCS na Bahia, Lucas Lobão, desempenhou papel crucial no esquema, facilitando a aprovação de contratos e, após sua exoneração, continuou a atuar nos bastidores em favor da Allpha Pavimentações. Lobão, que se manteve como sócio oculto da empresa, criava grupos de comunicação como o WhatsApp “Allpha Direção” para coordenar ações ilegais.
A operação, que envolveu mandados de prisão, busca e apreensão em diversos estados, identificou um rombo bilionário, com movimentação de cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos apenas neste ano. Além do bloqueio de R$ 162,4 milhões em bens como imóveis de luxo, aeronaves e veículos de alto padrão, a operação contou com a cooperação da Homeland Security Investigations (HSI), dos Estados Unidos.
Ao longo da manhã, 15 dos 17 alvos de prisão preventiva foram capturados, com ações em Salvador, Lauro de Freitas, Jequié, Itapetinga, Campo Formoso e outras cidades da Bahia, além de São Paulo, Goiânia e Palmas. A operação também atingiu servidores do DNOCS, com oito afastados de suas funções. O caso ganhou destaque também em Jequié, onde uma servidora pública, alvo da operação, foi conduzida para depor após ser exonerada de suas funções pela Prefeitura local, que se comprometeu a acompanhar as investigações com transparência e responsabilidade. Com a Operação Overclean, a Polícia Federal busca não apenas desmontar o esquema criminoso, mas também reforçar a importância da luta contra a corrupção, um mal que continua a assolar os cofres públicos e prejudicar a população. * Redação ipiaú TV