O urbanista ipiauense, Arq. Elson Andrade, traz nesta edição uma celebração do Dia do Neuropsicopedagogo e, de quebra, comenta oportunamente os riscos do estranho Projeto 015/24 da LOA-2025, na rubrica “Educação”, a ser votado na Câmara Municipal no dia 12 da próxima semana.
Dia 6 de dezembro: Dia do Neuropsicopedagogo
Nesta sexta-feira, 6 de dezembro, foi celebrado no Brasil o Dia do Neuropsicopedagogo. Embora ainda não exista nenhuma legislação que estabeleça oficialmente a data como o dia destinado a homenagear os profissionais dessa área do conhecimento, diversos eventos e campanhas são realizados em várias partes do país para promover discussões sobre a importância do neuropsicopedagogo na educação e, consequentemente, na sociedade como um todo.
O que é a Neuropsicopedagogia?
A Neuropsicopedagogia é uma área interdisciplinar que combina conhecimentos de neurociência, psicologia e pedagogia para compreender e facilitar os processos de cognição e aprendizado dos alunos. Seu foco principal é entender como o cérebro humano aprende e armazena informações, gerando conhecimento, e como aplicar esses saberes para melhorar as condições práticas e o aproveitamento educacional.
Essa área estuda o funcionamento do cérebro e suas relações com o comportamento, bem como o desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos alunos, visando promover uma educação mais eficaz e adaptada às necessidades individuais de cada estudante.
Princípios Básicos da Neuropsicopedagogia
Como o cérebro humano aprende e guarda o aprendizado?
- Estudo e compreensão do cérebro como o principal propulsor do aprendizado.
- Aplicação dos conhecimentos na escola, considerando a infraestrutura, o ambiente escolar e social, além dos métodos e metodologias disponíveis.
Componentes do Cérebro e suas Funções:
- Hipotálamo: Controla funções essenciais de sobrevivência, como fome, sede, saciedade e impulso sexual.
- Sistema Límbico: Regula emoções e proporciona equilíbrio emocional.
- Córtex: Responsável pelos movimentos, percepção dos sentidos e pensamento.
Transformações no Cérebro:
- Primeiros 6 anos de vida:
- Período crucial para o desenvolvimento neuronal.
- Ocorre a “poda” cerebral, que elimina sinapses menos utilizadas, tornando o cérebro mais eficiente.
- Representa as janelas de oportunidade para o aprendizado de certas habilidades.
- Fase Sensório-Motora (até 2 anos):
- Etapa ideal para o desenvolvimento dos sentidos e movimentos.
Importância do Contexto Social e Emocional:
- O aluno é um ser social, afetivo e cognitivo, com desenvolvimento motor e perceptivo.
- A aprendizagem é diretamente influenciada pelo contexto sociocultural e emocional em que o aluno está inserido.
Os Quatro Pilares da Educação Inteligente:
- Aprender a ser – Foco no desenvolvimento da individualidade e autonomia.
- Aprender a conviver – Desenvolvimento de competências sociais e emocionais.
- Aprender a fazer – Aplicação prática de conhecimentos e habilidades.
- Aprender a conhecer – Estímulo ao aprendizado contínuo e à curiosidade intelectual.
Objetivo da Educação Eficaz:
- Promover o desenvolvimento pleno e integral das pessoas.
- Construir competências e habilidades que preparem para os desafios da vida.
Intervenções da Neuropsicopedagogia:
- Benefícios para crianças em desenvolvimento considerado típico.
- Apoio essencial para crianças com transtornos diversos, respeitando o ritmo e o tempo de aprendizagem individual de cada uma.
Qual o nível de domínio da consciência humana, frente a autonomia cerebral?
Imagine você, comparativamente, sem saber do problema, dormir do lado de uma pessoa que sofre de Apneia do Sono… A apneia do sono é um distúrbio que causa inúmeras e constantes interrupções da respiração durante o sono do paciente.É desesperador para quem não esteja acostumado com a cena, assistir a pessoa parar de respirar por um bom tempo, várias vezes na noite. Você chega perto e constata que o pacienteparou de respirar. No entanto, quando este paciente começa a lhe faltar ar por um período longo, e inicia-se um processo de “falecimento”, o cérebro do paciente assume de formabrusca, providencial e autônoma o comando do corpo e acorda esta pessoa, que volta a respirar… até parar novamente…
Logo, fica claro que nosso cérebro tem um domínio sobre o comando das nossas ações vitais.
Estudos neurocientíficos indicam que uma grande parte das ações realizadas pelo cérebro corre de forma autônoma, sem a necessidade de consciência plena. Estima-se que cerca de 95% das atividades cerebrais sejam inconscientes, enquanto apenas 5% envolvam processos conscientes. Pasmem, mas 95% do tempo de nossa “consciência” é em verdade inconsciente!
Essas ações autônomas incluem funções automáticas essenciais, como respiração, batimentos cardíacos, digestão, além de comportamentos instintivos e processos automáticos, como reconhecimento de padrões, reflexos, e até decisões simples baseadas em hábitos ou memórias implícitas. O restante é direcionado para atividades que demandam atenção, raciocínio ou intenção consciente, 5%.
Esse equilíbrio reflete a eficiência do cérebro em automatizar tarefas para liberar recursos cognitivos para funções mais complexas e deliberadas.
O ser humano em verdade tem dificuldade de manter-se em estado de alerta, em super consciência. É normal a distração. Uma das tantas contradições humanas, se deve a característica de se encantar facilmente com o novo e de forma contraditória, resistir a mudança.
Portanto, até a nossa alimentação, está sob a influência das ações autônomas do cérebro. Senão vejamos: A ingestão ou a falta de substâncias, como alimentos, álcool ou drogas, afeta o comportamento humano ao interferir diretamente no funcionamento do sistema nervoso central, especialmente em áreas relacionadas a atenção, o humor, à cognição e à regulação emocional. Aqui estão os principais mecanismos:
- Comportamento e falta de alimentos:
- Queda de glicose no sangue: Quando o corpo está sem alimento, os níveis de glicose (principal fonte de energia do cérebro) caem. Isso reduz a atividade em áreas como o córtex pré-frontal, que controla a regulação emocional, resultando em irritabilidade, impaciência e dificuldade de concentração.
- Hormônios: Hormônios como cortisol (associado ao estresse) e grelina (que estimula a fome) também aumentam, exacerbando a sensação de desconforto emocional.
- Comportamento e ingestão de álcool:
- Efeitos no sistema nervoso central: O álcool atua como um depressor do sistema nervoso, reduzindo a atividade no córtex pré-frontal (responsável por decisões e autocontrole) e ativando áreas do sistema límbico, ligadas às emoções. Em doses baixas, pode causar desinibição e euforia; em doses altas, pode levar à agressividade, confusão e, eventualmente, perda de consciência.
- Comportamento e uso de drogas:
- Neurotransmissores alterados: Drogas (legais ou ilícitas) agem diretamente sobre os níveis de dopamina, serotonina, GABA e glutamato, modulando prazer, humor e impulsividade.
- Estimulantes (ex.: cocaína, anfetaminas): Aumentam a dopamina, causando euforia e aumento de energia, mas podem levar à paranoia e irritação.
- Depressores (ex.: opiáceos, benzodiazepínicos): Induzem relaxamento, mas em excesso, geram apatia e dependência emocional.
- Neurotransmissores alterados: Drogas (legais ou ilícitas) agem diretamente sobre os níveis de dopamina, serotonina, GABA e glutamato, modulando prazer, humor e impulsividade.
- Comportamento e privação de substâncias essenciais:
- Deficiência de vitaminas e minerais: A falta de vitamina B12, por exemplo, pode causar fadiga, confusão e depressão. A deficiência de ferro reduz a oxigenação cerebral, causando irritabilidade e dificuldade cognitiva.
- Hormônios e neurotransmissores: A falta de triptofano (precursor da serotonina) ou de ácidos graxos essenciais também prejudica a regulação emocional.
Ou seja, as Substâncias (ou sua ausência) determinam o comportamentos humanos ao impactarem a bioquímica cerebral, modulando os sistemas que regulam, a tenção, o humor, a motivação e o autocontrole. Essas mudanças, mesmo temporárias, podem alterar drasticamente o modo como uma pessoa aprende, e interage com o ambiente e com os outros indivíduos.
O cérebro do aluno aprendiz reage ao ambiente arquitetônico (condições físicas da escola)?
Sim, e de forma intensa, já que o cérebro dele interpreta continuamente os estímulos ao redor para avaliar conforto, segurança e bem-estar. Ambientes sujos, escuros, quentes e mal iluminados tendem a gerar reações negativas que podem impactar tanto o estado emocional quanto o comportamento, e portando, o desvio da atenção. Aqui estão os principais efeitos:
- Percepção de ameaça ou desconforto:
- Sistema límbico ativado: Ambientes sujos ou desorganizados podem ser interpretados pelo cérebro como sinais de perigo ou negligência, ativando o sistema límbico (especialmente a amígdala) e gerando sensações de desconforto, estresse ou até repulsa.
- Sensação de insegurança: Lugares mal iluminados ou com cores escuras podem aumentar a percepção de risco, desencadeando ansiedade ou vigilância constante.
- Alteração de humor:
- Cores escuras: Elas reduzem a estimulação visual e podem estar associadas a sentimentos de tristeza ou melancolia.
- Calor: Altas temperaturas sobrecarregam o sistema nervoso autônomo, aumentando a liberação de cortisol (hormônio do estresse) e dificultando a regulação emocional, o que pode levar à irritabilidade e agressividade.
- Iluminação precária: A baixa luminosidade reduz a produção de serotonina e afeta o ritmo circadiano, contribuindo para cansaço, desânimo e até sintomas de depressão.
- Temperatura Alta: Temperatura acima de 23ºC reduz a capacidade de atenção dado a sonolência causada.
- Impacto no comportamento cognitivo e social:
- Redução da produtividade: Ambientes desconfortáveis drenam a energia mental, prejudicando a concentração e o desempenho em tarefas.
- Menor interação social: Lugares sujos e quentes desencorajam a permanência e a interação, gerando isolamento e maior sensação de insatisfação.
- Efeitos no corpo:
- Estímulo ao sistema nervoso simpático: Lugares hostis aumentam a frequência cardíaca, pressão arterial e ativam mecanismos de “luta ou fuga”.
- Cansaço físico: Calor excessivo e má ventilação podem causar fadiga e maior irritação, intensificando o desconforto psicológico.
Quais as soluções arquitetônicas indicadas para melhorar o bem-estar no aprendizado?
Não é preciso luxo, mas sim ambientes organizados, bem iluminados, com ventilação e temperatura adequada,além de cores claras, promovem a sensação de calma e segurança. Pequenas mudanças, como uso de luz natural, climatizadores de ar, ventilação cruzada e limpeza, têm um impacto positivo no cérebro, favorecendo o equilíbrio emocional e o comportamento proativo.
Como o cérebro do aluno aprendiz reage ao ambiente social?
O cérebro reage automaticamente às pressões do ambiente psicossocial por meio de mecanismos desenvolvidos para lidar com ameaças ou desafios à sobrevivência, ativando sistemas neurofisiológicos e emocionais. Essas respostas envolvem principalmente o sistema nervoso autônomo e o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA), que regulam reações ao estresse. Veja como isso ocorre:
- Ativação do sistema de “luta ou fuga”:
- Sistema nervoso simpático: Sob pressão psicossocial, como conflitos, prazos ou isolamento social, o cérebro ativa o sistema nervoso simpático, preparando o corpo para reagir. Isso inclui:
- Liberação de adrenalina e noradrenalina, aumentando a frequência cardíaca e a respiração.
- Maior atenção e vigilância, concentrando recursos cognitivos na ameaça percebida.
- Sistema nervoso simpático: Sob pressão psicossocial, como conflitos, prazos ou isolamento social, o cérebro ativa o sistema nervoso simpático, preparando o corpo para reagir. Isso inclui:
- Liberação de cortisol:
- Eixo HHA ativado: Pressões psicossociais crônicas estimulam o hipotálamo, que sinaliza à hipófise e às glândulas suprarrenais para liberar cortisol, o hormônio do estresse. No curto prazo, o cortisol melhora o foco e a energia. No longo prazo, altos níveis podem prejudicar a memória, o sistema imunológico e a saúde mental.
- Regulação emocional e comportamental:
- Amígdala hiperativa: O cérebro emocional (amígdala) se torna mais ativo sob estresse, amplificando reações emocionais, como ansiedade, medo ou irritação.
- Córtex pré-frontal enfraquecido: Sob pressão, o córtex pré-frontal (responsável por decisões racionais e regulação emocional) reduz sua atividade, dificultando o controle de impulsos e a tomada de decisões ponderadas.
- Efeitos no comportamento social:
- Busca por conexão social: O estresse pode ativar sistemas relacionados à ocitocina, estimulando a busca por apoio social para aliviar a pressão.
- Isolamento ou agressividade: Em alguns casos, a pressão psicossocial leva a comportamentos defensivos, como evitar interações sociais ou reagir agressivamente, como mecanismo de proteção.
- Respostas automáticas ao longo prazo:
- Adaptação fisiológica: O cérebro pode ajustar-se à ambientes estressantes crônicos, mas isso frequentemente resulta em:
- Ansiedade generalizada: Devido à hiperatividade da amígdala.
- Desgaste emocional: Causado por níveis elevados de cortisol.
- Síndrome de burnout: Quando o sistema nervoso não consegue mais lidar com o estresse prolongado.
- Adaptação fisiológica: O cérebro pode ajustar-se à ambientes estressantes crônicos, mas isso frequentemente resulta em:
Resiliência e regulação:
O cérebro também possui mecanismos para amortecer essas reações, como a ativação do sistema nervoso parassimpático, que reduz o estresse. Estratégias como meditação, exercícios físicos e apoio social ajudam a fortalecer essas respostas de recuperação e reduzir os impactos das pressões psicossociais.
Portanto, reservar recursos suficientes para se prover condições ambientais, arquitetônicas, de segurança, livre das drogas… é sim muito importante para melhorar o nível de aprendizado dos alunos. É portanto questão de efetividade.
No entanto, o que temos assistido como prática de políticas públicas no ensino público municipal, é gastos exagerados na Folha de Pagamentos dos professores, em detrimento das condições físicas e ambientais dos prédio escolares, dado que grande maioria dos recursos públicos municipal, tem sido gastos com salários exorbitantes dos professores, (inclusive em encargos sociais) restando muito pouco para a manutenção física e operacional das escola municipais.
Outro ponto importante, é a prática finória de “gestores” que escondem dinheiro na rubrica “educação”, para depois, remanejar esses recursos para pagar caros cachês artísticos de celebridades nacionais,em festas populares. Deveria ser caso de cadeia o flagrante disso!
Tudo isso, graças a imposições de cima para baixo de regras federais do FUNDEB ultrapassadas, extemporâneas e descontextualizadas de cada cidade e lugar.
No projeto de lei orçamentária da LOA 2025 da Prefeitura Municipal de Ipiaú, está alocado incialmente R$ 90 milhões para apenas 286 professores ativos em sala de aula. E cerca de 193 desses professores foram contratados de forma repentina, com contrato temporários, sem concurso público, escolhidos a critério próprio do governo e quicar por indicação de vereadores da base. Uma vergonha! Em especial devido ao fato, que esses professores temporários tem custado milhões ao erário, estão recrutados em número acima da demanda real, além de terem graus de formação e capacitação muita abaixo dos antigos professores estatutários demitidos sumariamente pelo governo da Maria. Hoje em Ipiaú, temos mais professores que salas de aula. E olha que a carga horária deles, prevista em contrato, é predominantemente 40 horas trabalhadas, por semana. Ou seja, a rigor deveriam dar aula em 2 turnos.
Em Ipiaú, na rede municipal do ensino fundamental, já temos professores com vencimentos totais mensais de até R$ 24.343,14.
As perguntas que ficamsão:
- Só de professores se constituiu uma sociedade justa, sustentável e desenvolvida de verdade?
- Ao formarmos alunos sem perspectiva de emprego local, não seria eles obrigados a deixarem Ipiaú em busca de vagas em outras cidades realmente desenvolvidas. Sendo assim, não estaríamos, indiretamente custeando a formação da mão de obra dessas outras cidades?
- E os demais profissionais, da serventia pública, também não merecem salários dessa monta R$ 24 mil e 2 férias por ano, trabalhando meio período no posto de trabalho?
- Como sobrar dinheiro para manutenção e operação adequada dos prédios e transporte escolares?
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Da redação: Elson Andrade – que é arquiteto, urbanista, empresário desenvolvimentista, pós-graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp.