Em Ipiaú, no sul da Bahia, onde o cacau já foi ouro e a fartura era realidade, o tempo trouxe uma devastação que arruinou nossa economia. A vassoura-de-bruxa varreu mais do que as plantações: ela abriu caminho para uma nova forma de controle e dependência estatal, tão sorrateira quanto eficiente em seus propósitos ocultos. Inspirada na “Teoria da Caverna” de Platão, a dinâmica da ilusão única da cidade revela prisioneiros que, acorrentados na escuridão midiática de aluguel, assistem às sombras projetadas na parede dos sites por uma prefeitura que domina o palco das ilusões.
Esses prisioneiros, a população de Ipiaú, não têm apenas suas percepções manipuladas; são mantidos em estado de complacência por uma fórmula antiga, mas sempre eficaz: pão e circo. Eventos populares grandiosos, pequenas esmolas sociais e festas evangélicas e de reggae de araque garantem que as correntes não sejam percebidas como opressão. Enquanto isso, a Maré, braço midiático financiado pelos interesses públicos, trabalha incansavelmente para projetar sombras selecionadas. E a realidade? Permanece lá fora, ofuscada pela diversão passageira e pelo conformismo.
Mas, como na alegoria de Platão, há os que tentam escapar. Esses ousam questionar o que é projetado nos relatórios da execução orçamentária, desafiam o conforto ilusório do pão e do circo e tentam enxergar além da caverna.
Quando voltam para alertar seus irmãos, encontram resistência: o medo de encarar a verdade é tão grande quanto o apego às sombras e esmolas que trazem uma falsa sensação de segurança.
E assim, a caverna de Ipiaú permanece. A prefeita e sua “filha fantasma” controlam o espetáculo remotamente pelo Zap, enquanto o povo, alimentado por distrações e migalhas, segue imobilizado.
Mas até quando?
A saída da caverna é possível, mas exige coragem – coragem para abrir mão do circo, rejeitar o pão manipulado, a esmola caríssima, e buscar a luz externa, descontaminada, que revele a verdadeira realidade, por mais dura que ela seja. Afinal, só com olhos abertos é possível enxergar o que um dia foi próprio, próspero e real.
Ipiaú, acorda Ipiaú! Hoje já é amanhã. E você vai ficar aí vivendo dessa ilusão barata?