Em “Um Prefeito, a Revolução e os Jumentos”, Euclides Neto traz à tona um dilema ainda presente em Ipiaú, cidade no sul da Bahia, onde a presença de animais soltos nas ruas simboliza um entrave maior: a resistência ao progresso e a complexa relação entre tradição e poder público.
No livro, Neto usa a figura do jumento como metáfora para questionar o desenvolvimento e a modernização em cidades pequenas. Em Ipiaú, a história é um reflexo de um problema que persiste — o constante embate entre o avanço e a preservação de uma cultura arraigada.
A trama revela o desafio do prefeito em resolver a questão dos jumentos soltos nas ruas, simbolizando as tensões entre tradição e progresso. A cidade, de maneira geral, parece relutar em delegar completamente ao poder público questões essenciais, como a geração de emprego e renda. Essa relação de dependência, em que muitos sobrevivem sob a “saia pública”, evidencia a falta de autonomia econômica e o peso da administração pública na vida cotidiana.
Para muitos moradores de Ipiaú, o livro de Neto poderia ter um novo título nos dias de hoje. Talvez o preferido fosse: “Um Prefeito Jumento, Sem Revolução, ao Custo de Bilhão”. A provocação reflete a insatisfação popular com o uso de recursos e o aparente estancamento do desenvolvimento, onde a transformação parece algo distante, assim como a resolução das dificuldades diárias que permeiam a vida local.
“Para que a cidade de Ipiaú realmente avance, é preciso que a gestão municipal se atente às questões prioritárias, como a geração de emprego, a modernização da infraestrutura e a oferta de serviços públicos de qualidade. Não basta realizar obras eleitoreiras ou fazer promessas vazias durante as campanhas; é preciso adotar uma postura pragmática e eficiente, superando a paralisia que impede a cidade de atingir todo o seu potencial.” ( Ipiaú TV)