Nos últimos oito anos de gestão da prefeita Maria, a administração municipal viu as receitas de Ipiaú triplicarem, principalmente com a ajuda das transferências federais via Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Apesar desse aumento substancial no orçamento, o destino dos recursos parece ter seguido uma rota distinta das prioridades tradicionais. Ao invés de investir na melhoria das escolas, a prefeitura já fechou 15 das 40 unidades de ensino fundamental nos últimos anos.
Grande parte desses recursos foi desviada para a realização de grandes eventos, como as festas de São Pedro, Dia dos Evangélicos e Dia do Reggae, além de R$ 4,5 milhões destinados à publicidade do governo. Em ano eleitoral, o marketing político foi reforçado nas redes sociais e na mídia local, projetando uma imagem de “gestão impecável”, enquanto a situação da educação pública se deteriora.
Mães de alunos de bairros como Santa Rita, Irmã Dulce e Sítio do Pica-pau, muitas vivendo com o auxílio do Bolsa Família, relatam dificuldades para garantir o transporte escolar. Com escolas fechadas, elas são forçadas a pagar cerca de R$ 7,00 por dia para motoboys levarem seus filhos às poucas unidades escolares ainda em funcionamento, já que o transporte público não é sempre uma opção viável.
Apesar do fechamento das escolas e da queda na qualidade da educação – com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) estagnado em 4,3 nos anos iniciais e 3,6 nos anos finais –, parte da mídia local parece ignorar o problema. Um dos radialistas da cidade teria comentado: “Aqui na Bahia é assim mesmo – pirão pouco, o meu primeiro”, revelando o desprezo pelo uso inadequado do dinheiro público.
Enquanto a população luta por melhores condições de ensino, a renda da cidade vem predominantemente de fontes externas, como o Bolsa Família, INSS e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Hoje, Ipiaú conta com 8,7 mil beneficiários do Bolsa Família e 11 mil dependentes do INSS, o que expõe ainda mais a fragilidade econômica e social do município.
A prefeita Maria, que possui apenas a 4ª série do ensino fundamental, tem sido alvo de críticas por sua ausência nas escolas e pela gestão focada em festas e propaganda, enquanto a educação e o desenvolvimento da cidade parecem ficar em segundo plano. Sob suspeita de má gestão e possivelmente na mira de investigações, o governo municipal enfrenta questionamentos sobre o verdadeiro destino dos recursos públicos.
A educação de Ipiaú segue fragilizada, com menos escolas, mais eventos e uma população que se diverte nas festas, mas que vê o futuro de suas crianças cada vez mais incerto. “A educação de Ipiaú virou um circo, com muita festa e sem pirão para todos”, desabafou um pai de família, temendo represálias por criticar o governo local. ( Ipiaú TV)